
E se a puberdade atrasa? O que fazer ?
A puberdade atrasada é mais frequente em meninos e ocorre quando os primeiros sinais puberais , como aumento do volume testicular, não estão presentes após os 14 anos de idade . Em meninas a puberdade é considerada tardia na ausência desenvolvimento da mama (telarca) após 12 anos, ou crescimento dos pelos pubianos após 13 anos ou ainda se não ocorre menarca (primeira menstruação) após 16 anos.
A causa mais comum de atraso puberal em meninos é o chamado retardo constitucional do crescimento e da puberdade (RCCP) . É comum história familiar de atraso puberal em pessoas da mesma família. Nesses casos ocorre juntamente uma desaceleração do crescimento , inicialmente entre 2 a 4 anos de idade e novamente na adolescência . Muitas vezes a baixa estatura é o motivo da consulta , já que o estirão do crescimento ocorre mais tardiamente , e em comparação com colegas da mesma idade o adolescente fica com altura mais baixa. O tratamento do RCCP pode ser apenas um acompanhamento clínico, pois comumente o adolescente entra em puberdade em média 2 a 4 anos mais tarde de forma expontânea e recupera a estatura adequada dentro do padrão familiar, sem necessidade de medicamentos . Mas, em alguns casos pode ser indicado tratamento com doses baixas de testosterona injetável quando tem comprometimento psicossocial como baixa autoestima , ansiedade com o crescimento ou dificuldade de relacionamento com os colegas da mesma idade.
Apesar do retardo constitucional do crescimento e da puberdade (RCCP) ser a causa mais comum de atraso puberal em meninos, este é um diagnóstico de exclusão , em que devem ser afastadas outras causas patológicas como por exemplo: hipogonadismo , doenças crônicas como anemia falciforme, doença celíaca, asma, insuficiência renal crônica, cardiopatias, fibrose cística , anorexia, atividade física intensa e outros distúrbios endocrinologicos como hipotireoidismo, diabetes mellitus , uso crônico de glicocorticóides e até mesmo a obesidade, que em meninos, pode estar associada ao atraso do desenvolvimento puberal .
O hipogonadismo se caracteriza pela deficiência das gonadotrofinas (hormônios das gônadas). Em meninas por baixos níveis de estrogênio produzido pelos ovários e em meninos por deficiência de testosterona produzida pelos testiculos . O hipogonadismo pode ser primário por alteração da própria gônada (ovários ou testículos) ou secundario à deficiência de hormônios da hipófise (LH, FSH) ou do hipotálamo (GnRH) . São causas de hipogonadismo várias síndromes como exemplo Síndrome Turner, klinefelter, e Kalmann.
Nos casos de hipogonadismo causado por deficiência de hormônios hipofisários, chamado de hipogonadismo hipogonadotrófico , é comum a deficiência associada de outros hormônios como GH ( deficiência de hormônio de crescimento) , TSH (hipotireoidismo) e ACTH (insuficiência adrenal) .
O tratamento adequado deve ser individualizado e depende da causa , por tanto é essencial o diagnóstico diferencial entre as patologias associadas.
Em casos de suspeita de atraso puberal a criança deve ser avaliada clinicamente por um pediatra e quando indicado encaminhado a um endocrinologista pediátrico para avaliação clinica e exames complementares.
Referências:
Pediatric endocrinology / Mark Sperling, elsevier, 2015.
Endocrinologia na Prática Pediátrica/Durval Damiane, manole, 2015
